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Mostrando postagens de setembro 14, 2015

Um itinerário para o Livro do desassossego

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Por Cláudia Sousa Um dia talvez compreendam que cumpri, como nenhum outro, o meu dever-nato de intérprete de uma parte do nosso século; e quando o compreendam, hão-de escrever que na minha época fui incompreendido, que infelizmente vivi entre desafeições e friezas, e que é pena que tal me acontecesse. E o que escrevi isto será, na época em que o escrever, incompreendedor, como os que me cercam, do meu análogo daquele tempo futuro. Porque homens só aprendem para uso dos seus bisavós, que já morreram. (Fragmento do Livro do Desassossego , composto por Bernardo Soares) Da epígrafe à referência podemos questionar sobre que livro é este composto “por” Bernardo Soares? Por que não “O livro do desassossego”? Asseguramos que a questão, aparentemente despropositada, nos arremessa para um livro sem fim, sem fronteiras e que não fecha. Desse modo, o artigo definido implicaria toda a intenção para o título dessa grande obra pessoana, que já prenuncia, desde o título, a conce