Sete escritores japoneses além de Haruki Murakami que você precisa conhecer



Haruki Murakami é um dos escritores que goza de fama mundial graças a Best-Sellers como 1Q84. Sem dúvida, sua popularidade é o motor que o faz ser sempre lembrado como o possível Prêmio Nobel de Literatura todos os anos. Mas, se o escritor pop revelou-nos a escrita japonesa, sua obra não é a única de seu país. Por isso, esta postagem, se não resolve o desconhecimento de grande parte do público leitor sobre a literatura japonesa, abre-lhe os olhos para outros importantes nomes – todos com obras em circulação pelo Brasil – fundamentais tanto ou mais que Murakami.

Junichiro Tanizaki (1899-1972). Estudou Literatura Japonesa na Universidade Imperial de Tóquio. Publicou seu primeiro trabalho em 1909, numa revista literária que ajudou a fundar. Sua obra de juventude revela forte influência de Edgar Allan Poe, Charles Baudelaire e Oscar Wilde. A partir de 1923, deixou-se absorver pela cultura de seu país e abandonou a inclinação ocidentalizante, vivendo nesse momento uma crise intelectual e emocional que contribuiu decisivamente para torná-lo um dos nomes centrais da literatura japonesa do século XX. É autor, entre outros, de Diário de um velho louco, Amor insensato, A chave, Em louvor da sombra, Há quem prefira urtigas, A vida secreta do Senhor de Musashi e Kuzu, Voragem e As irmãs Makioka.

Yasunari Kawabata (1899-1972). Foi o primeiro escritor do Japão a receber o Prêmio Nobel de Literatura – em 1968 – junto com seu discípulo Mishma. Um dos fundadores da revista Bungei Jidai, publicação japonesa influenciada pelo movimento modernista ocidental, Yasunari se matou em 1972. Dentre suas obras traduzidas no Brasil estão A Dançarina de Izu, que traz temas como o amor impossível, a solidão e a sexualidade velada, Contos da palma da mãoA Casa das Belas Adormecidas, a obra preferida de Gabriel García Márquez, A Gangue Escarlate de Asakusa, Beleza e Tristeza, Mil Tsurus, O país das neves, considerado um marco da literatura intimista que deu destaque mundial ao autor, Kyoto, O som da montanha, romance que foi adaptado para os cinemas por Mikio Naruse.



Yukio Mishima (1925-1970). É o autor mais obsessivo e perfeccionista da lista e o único que antes dos vinte e cinco anos já tinha uma obra-prima. Amigo de Kawabata e seu discípulo, Mishima se tornou mítico não apenas por seu legado literário mas por sua morte num ritual chamado haraquiri. Grande admirador das tradições milenares da cultura japonesa, especialmente da conduta virtuosística dos samurais, Yukio Mishima viveu a literatura como se fosse parte indissociável de sua existência. Além de romances, escreveu também poemas, ensaios e peças teatrais. Da sua obra se destacam O pavilhão dourado, Mar inquieto a trilogia que o terá feito reconhecido formada pelos títulos Neve de primavera, Templo de aurora e A queda do anjo. Destacam-se ainda Cores proibidas, Confissões de uma máscara e Cavalo selvagem.

Natsume Soseki (1867-1916). Soseki foi dado para adoção aos empregados de seus pais quando tinha dois anos. Teve infância difícil e solitária. Aos 23 anos, inicia seus estudos de literatura inglesa. Sempre vítima de crises nervosas, viaja à Inglaterra em 1900 como bolsista do Ministério da Educação. Não se adapta à cultura ocidental, entra novamente em depressão e regressa ao Japão em 1903. Seu recorrente estado depressivo o afasta da família. É, no seu país, um dos escritores mais populares e lidos. Destacou-se em todos os tipos de escrita, assinando importante obra de teoria literária, totalmente inovadora para a época. Se de um lado foi marcado pela influência ocidental, de outro apregoou a valorização da cultura tradicional nipônica. São obras principais suas Eu sou um gato, O portal, Sanshiro, E depois e Botchan.

Kenzaburo Oe (1935). Nasceu no lugarejo de Ose. Ainda estudante de literatura francesa em Tóquio, estreou na ficção e conquistou o cobiçado Prêmio Akutagawa. Da literatura contemporânea é um dos romancistas mais populares do Japão; sua obra, bastante heterogênea, compreende contos, escritos políticos e um famoso ensaio sobre Hiroshima. Em 1994 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Entre seus escritos destacam-se Jovens de um novo tempo despertai!, Uma questão pessoal e Contando histórias.



Banana Yoshimoto (1964). Filha do poeta e militante de esquerda Takaaki Yoshimoto, formada em literatura pela Universidade Nihon, foi muito bem recebida pela crítica por sua obra de estreia, Kitchen, publicada em 1988, quando ainda era estudante universitária. Kitchen lhe rendeu o prêmio literário Izumi Kyoka. Tendo começado a escrever de forma bastante precoce, aos cinco anos de idade, ela adotou o pseudônimo “Banana” pelo apreço que tem por flores de bananeira. Seus livros já foram traduzidos para mais de vinte idiomas. O tema da morte e a preferência por protagonistas mulheres são algumas das marcas mais evidentes na escrita da autora, cujos personagens nunca caem nos lugares-comuns: ao contrário, são sempre excêntricos. Bastante produtiva, Banana Yoshimoto lançou ainda, entre outros títulos, O lago, Olá Shimokitazawa e Tsugumi.




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