Alguma poesia: o livro em seu tempo



Alguma poesia foi o livro de estreia de Carlos Drummond de Andrade. Sem a possibilidade de publicar a obra por alguma editora, o poeta não hesitou em pagar do próprio bolso a primeira tiragem de quinhentos exemplares. Quando publicado, logo se destacou no âmbito da cena literária modernista no Brasil. É nele que o leitor encontra peças como "Poema de sete faces", "No meio do caminho", "Cidadezinha qualquer", "Quadrilha" - poemas reconhecidos dos  leitores pela presença em jornais e revistas da época. 

Mas, os louros não foram unanimidade. O livro e o poeta encontraram pelo caminho algumas pedras. E as contradições da recepção de Alguma poesia foram catalogadas atenciosamente por Drummond. Agora, parte desses registros mais outros acumulados aquando da publicação em 1930 estão documentados nessa primorosa edição publicada pelo Instituto Moreira Salles (IMS), instituição que guarda no seu acervo um rico espólio do poeta.

A edição de Alguma poesia: o livro em seu tempo faz par com Uma pedra no meio do caminho: biografia de um poema, também publicada pelo IMS. O livro é um marco nos oitenta anos da primeira obra do poeta mineiro e recolhe a primeira edição fac-similar a partir de um exemplar dele próprio.

Trata-se de um trabalho novamente organizado pelo poeta Eucanaã Ferraz, que reuniu ainda anotações manuscritas de mudanças que o poeta incorporaria nas edições seguintes, além de cartas de amigos e críticos acusando o recebimento do livro, bem como uma rica amostra das resenhas e artigos publicados no calor da hora pelos jornais de 1930 e 1931.

Completa o volume um texto de apresentação assinado pelo organizador, que traça o percurso de Drummond de 1924 até maio de 1930 e mostra que, desde as primeiras semanas em que começou a circular, Alguma poesia já se afirmava como peça central da poesia brasileira, objeto de elogios, de polêmicas e críticas. Uma edição para leitores amantes da obra do poeta e pesquisadores.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ca-ca-so

Boletim Letras 360º #575

Sete poemas de Miguel Torga

A criação do mundo segundo os maias

Dalton por Dalton

Boletim Letras 360º #574